10 fevereiro 2013

a transformação de um anarco-capitalista



Ao fim de muitos e muito anos a defender o liberalismo americano, numa perspectiva quase anarco-capitalista, muito mais do que o liberal-clássica austríaca (ainda me lembro da embirração por Popper e o distanciamento em relação a Hayek…), o Pedro Arroja descobriu que o mundo não se transforma a golpes de vontade, menos ainda por simples enunciados ideológicos ou afirmações de imaculada racionalidade. Sobre tudo isso existem pessoas, tradições e instituições, normas e regras de vida em comum e comunitárias. E, acima de tudo, uma ideia de transcendência que verdadeiramente nos sustenta a todos (mesmo e sobretudo, àqueles que a renegam), e nos dá ânimo e força para continuar a existir racionalmente sem ensandecer. O Pedro, que era um liberal americanizado (anarco-capitalista, se quiserem), foi-se transformando com os anos, e é hoje um conservador português (logo, necessariamente, católico), que deixou a racionalidade económica americana para se encontrar no pensamento tradicional de Herculano ou de Acton. Continua a acreditar, naturalmente, na liberdade económica, mas interpreta-a, agora, numa perspectiva culturalmente determinada pela sua geografia peninsular. De caminho, o Pedro, que, como eu, é conservador e liberal, embora eu mantenha ainda, como prioridade, a inversão dos dois termos, ficou com uma dificuldade, que tacticamente tem conseguido evitar pelo prudente silêncio: onde encaixar o liberalismo ordinalista, conservador e profundamente tradicionalista de Hayek? Eu sei, mas ele ainda não sabe. Ou, se calhar, teimoso como é, até sabe, mas não quer (por enquanto…) dar «parte fraca». Aposto que, por um destes dias, vai pegar no tema…

3 comentários:

com esta transformação haveis loggia... disse...

é duvidoso que haja católicos em portugal, conservadores isso sim somos um povo de coleccionadores de velharias que gostam de tudo bem catalogado e no seu sítio

mudar é morrer

se arroja é signal que é das élites hibridizadas com surnames und surinames

a piolheira nunca arroja ter taes apelidações ou diz-se apelimações?

tempus fugit à pressa disse...

resumindo en ressumancias e trans for mações en transumâncias

gostei muito parece um filme daqueles da branca de neve e os sete anões tudo a preto

deve haver uma mensagem nisso
mas está tão anarquicamente estruturada que percebi niente

é pra guardar da curiosidade dos profanos ou é linguajar do fanum?

in hoc fanum vinces

já lá dizia Petrus o lince...
ou en mação diz-se Lynx?

Duarte Meira disse...

« onde encaixar o liberalismo ordinalista, conservador e profundamente tradicionalista de Hayek? »

Pois não parece difícil, caro Rui A., se é possível existir genuíno liberalismo fora do cristianismo. Mas, se não é possível, é Hayek que fica em apuros...

Esperemos a resposta do Pedro e a sua.